Acho engraçado perceber como a internet é, como li
em um texto da minha aula de antropologia, bastante imprevisível. Um clique em
um link leva a outro assunto que leva a outro completamente diferente que te
faz ver algo interessante e assim por diante. Esses dias estava olhando meu Facebook
e vi um vídeo com o trailer de um filme muito interessante estrelando a cantora
Clarice Falcão. Alguns dias antes já havia visto essa mesma cantora em um canal
que sempre assinto no Youtube chamado Rolê Gourmet e tinha simpatizado com a
moça, o que me fez ter interesse em clicar para ver o trailer e depois me fez
procurar suas músicas (não conhecia nada dela). Esse vídeo, que coloco a seguir junto com o video do Rolê Gourmet, me fez pensar muito sobre a nossa geração; qual seria um denominador comum entre
ela e outras gerações passadas e quais são as características especificas da
nossa.
Frustração deveria ser a palavra do século. Creio
que quando estavam escrevendo a história pararam nos anos noventa e pensaram
assim: “Ah, acho que seria interessante se o próximo século, não, o próximo
milênio fosse comandado por gerações de jovens frustrados... Sim! Essa leva de
gerações começará agora! Brilhante!” Ok, eu sei que estou exagerando. Estou
ciente de que a minha geração não é a primeira a se sentir assim; sei que a
frustração é na verdade uma grande parte do processo de se tornar adulto. Mas
cada geração de frustrados teve sua peculiaridade. Também sei que, por maior
que seja nossa capacidade de ter empatia, sempre seremos mais afetados pelos
nossos próprios problemas, claro; quisera eu ser daltônica ao olhar para o
vizinho.
Do meu ponto de vista, os meus antepassados
frustrados e jovens pareciam ter ao menos uma união maior, um espírito de
contracultura que os juntava de uma forma mais bela. Mesmo os hippies, sob o
meu olhar nada imparcial, pareciam ser uma “bagunça estruturada”, um despropósito
com mais objetivo do que vejo hoje. Sei que esse meu pensamento pode ser apenas
uma ilusão histórica, uma idealização do passado, mas saber disso não ameniza
minha frustração. Estranhamente me sinto tão parte e tão aparte da minha
geração. Essa alienação, palavra de
ordem nesse momento em que a facilidade de adquirir informação e a de ignorá-la
é proporcionalmente igual, tanto me enoja quanto me seduz. Aprendi desde cedo
que quem não tem dinheiro não é gente, quem não vê novela é prepotente, quem não
bebe cerveja é chato e quem não compra tecnologia de ponta (e de marca) é
reacionário. Simultaneamente aprendi a respeitar as diferenças, a reciclar, a
ser feliz, a não ter medo de ser triste, a ir ao terapeuta, a resolver meus
problemas sozinha.
Creio que parte dessa frustração da juventude atual
vem dos opostos tão mesclados em que fomos criados, ao menos a minha é. Devo
ser a certinha e a errada, a perfeita e a delinquente, devo seguir meus sonhos
e buscar estabilidade, ser supermãe e me focar no trabalho, me conformar e
lutar. Apenas isso, nada a mais, nada a menos. Somos a geração da indecisão, da
contradição, somos a geração inexata em que devemos se tudo e nada. O resultado
disso? Como diz o nome de um filme brasileiro recente cujo trailer muito me
interessou: “Eu não faço idéia do que eu tô fazendo com a minha vida.”
Para finalizar deixo um video com uma música da Clarice Falcão que gostei muito:
Para finalizar deixo um video com uma música da Clarice Falcão que gostei muito: