Houve apenas uma outra vez em que senti que estava diante de algo
incrível, sem fazer ideia do que seria. Naquele dia, quando parti sem olhar
para trás e me vi em um lugar completamente novo, uma imensidão vazia pronta
para mim. Aquela imensidão não poderia me olhar de volta e reagir; não poderia
sentir nada por mim. Seria apenas eu, sozinha, fazendo dela o que eu quisesse, o
que eu pudesse. Alone again, naturally.
Aquela
imensidão pode ter feito muitas coisas por mim, mas não me tirou do meu estado
inerte. Retornei e trouxe comigo de volta a mesma garota patética, inacabada e
cheia de dúvidas que saiu por ai se auto flagelando, buscando sentir alguma
coisa. Estranhamente aquela imensidão que deixei para trás, sentindo ter sido
esse abandono o maior erro da minha vida, tornou-se repentinamente insignificante.
Em algum momento depois que o conheci, o desconhecido tornou-se parte da minha
vida. É um desconhecido tão familiar, que me observa de volta. O desconhecido
que me toca e nesse simples gesto muda tudo. Eu já havia escrito sobre esse sentimento,
antes mesmo de conhecê-lo. Lembro-me da vez em que descrevi como era sentir a
certeza em um risco, sentir o certo ao pular no abismo. Nenhum de nós
compreende tudo isso, não é? Você também se surpreendeu, como eu. E ainda que
surpresa assim, pela primeira vez não busquei respostas, não senti a angústia
de não saber o porque. Pela primeira vez só aproveito o agora e busco o futuro,
só busco você nessas noites em que me deito, ainda sentindo seu olhar em mim, e
fecho meus olhos com um sorriso bobo no rosto.