sábado, 9 de agosto de 2008

Uma Ilusão

Naquele momento o brilho do sol era inexistente, portanto incapaz de me trazer algum conforto, e a lua, que outrora de esperança me preenchia, camuflava-se no manto negro daquele céu de poucas estrelas. Estava em meu quarto, mergulhada em minha cama, coberta da cabeça aos pés pela mais profunda angústia e só o que me restava a fazer era encarar o olhar frio daquele teto vazio.
Eu chorava de saudade por ter perdido uma das pessoas mais importantes da minha vida e me sentia incapaz de me deixar cair nos braços de Morfeu, que segundo os mitos gregos tinha a capacidade de assumir qualquer forma humana e aparecer nos sonhos de alguém como se fosse a pessoa amada por aquele determinado indivíduo. Como poderia me entregar a mais uma ilusão que nada mais faria além de me decepcionar no segundo em que se dissipasse junto da aurora e do fim de meu sonho?
Tira-se o M e temos mais uma figura da mitologia grega: Orfeu, que também não poderia consolar-me, pois nem mesmo ele e seu canto poderiam me trazer de volta aquilo que me faltava. Nem mesmo Orfeu, cujo canto divino conseguira salvar sua amada das profundidades do reino de Hades, seria capaz de recuperar aquilo que faria com que me sentisse viva novamente. Poderia passar a noite toda fazendo combinações de letras, formando palavras e ainda assim não encontraria alguma personalidade mítica capaz de confortar-me. Mesmo assim foi o que eu fiz, durante as poucas horas que me restavam de sono percorri incontáveis histórias fictícias buscando alguma solução, tentando escapar da realidade e mais uma vez, falhei.
(Por: Érica Pierre Costa)