sábado, 9 de fevereiro de 2008

Acabou-se

Olho no espelho
Rachado ao meio
Meu reflexo destorcido
Divido em dois

Minha mão em meu peito
Segurando a dor
O sangue quente escorrendo
Por minha pele cheia de ardor

Meus joelhos estremecem,
Não sustentam mais meu peso.
E a dor da queda é maior,
Do que o vazio que eu vejo,
Em mim.

A armadura caiu,
A batalha acabou.
O mundo inteiro sumiu,
E a fantasia, com ele, levou.

Agora posso ver o que é real,
E é pior do que imaginava.
Vejo que ninguém foi leal,
A aquilo que outrora pregava.

E então eu olho para trás,
E vejo o que me restou,
Um deserto de angustias,
De abandonos,
E lamúrias...

E essa solidão que me abala,
É ainda pior,
Pois vem junto com a certeza,
De ser eterna...
Já que o mundo acabou,
E levou junto com ele,
Minhas esperanças...


Por: Érica Pierre Costa

Ilusão

Como uma bruma prestes a se dissolver,
No primeiro e simples toque.
Como um fantasma a me assombrar,
Transparente, porém que esconde um segredo.
Como a água que não posso segurar,
Que me escorre pelos dedos.

Você apareceu,
E logo no primeiro olhar eu senti,
Que sentiria algo ti.
Com tuas loucuras,
Teus jeitos,
Que mesmo sendo estranhos,
Eram teus,
Portanto os amei.

Cada detalhe, mero detalhe,
Em você,
Eu amei.

Cada palavra,
Cada letra,
Cada silaba,
Que viesse de teus lábios,
Eu amei.

Mesmo quando as palavras,
Cortavam minhas esperanças,
Ainda assim eram tuas,
Logo,
Eu as amei.

Mas então, o que era inesperado para mim,
Ocorreu como eu não mais pensava ser possível.
Você me envolveu em palavras,
Por mim tão queridas,
Por mim tão esperadas.

Devolveu-me a esperança,
De ser verdadeiramente amada.

Só que, como a ilusão que era aquilo tudo,
Rapidamente se dissipou.
Tu me enganaste,
Fez-me sentir o gosto pela vida,
Para que fosse tão pior e tão doloroso
Quanto possível,
Quando eu não mais pudesse vivê-la.
Quando eu não mais pudesse senti-la,
Pois tuas mãos ensangüentadas do meu amor,
Tiraram-me esse direito.

E assim meu coração partira

Ainda posso sentir doer,
Quando penso que um dia,
Meus lábios ávidos e sedentos
De qualquer sentimento
Que viesse de ti,
Tocaram tua boca,
Envolveram tua língua,
Pensaram conter teu amor,
Mas ao invés disso contiveram uma mentira,

Hoje,
O teu beijo permanece em mim,
Porém,
Não sinto gosto de mais nada,
Apenas de traição.

Mas ainda assim,
Choro por ti,
Sofro por ti,
E amo-te mais que tudo
Esperando que um dia eu possa
Emergir desse buraco profundo.


Por: Érica Pierre Costa

domingo, 3 de fevereiro de 2008

O pranto do mundo

Estava sentada olhando o mundo afora. Pensando na vida, nas desgraças que ela pode trazer. Observava ao longe um mundo que aparentava ser ainda, por mim, desconhecido. Uma montanha ao fundo cercada de um bosque que desenhavam um caminho até a lagoa perto de uma casa abandonada. O céu estava cinzento assim como se encontrava o meu interior. Um turbilhão de sentimentos, de sofrimentos, que lutavam para brotar de dentro desse corpo inerte. Mas então, vejo uma gota caindo da escura imensidão que pairava sobre a minha pessoa. Tal gota cai sobre meu rosto e percorre um caminho que outrora já fora muito percorrido por grandes quantidades de água salgada em forma de lágrimas. Posso sentir o frio daquele pouquinho de água passando por minha pele cálida, sedenta de carinho. Agradeço então à chuva, que chora por mim, já que meu pranto se esgotou por todas as lágrimas que derramei em vão na solidão de sentimentos vazios de resposta.


Por: Érica Pierre Costa

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Inteligência

De que serve uma inteligência, se ela não vem junto com a bondade, com bons princípios, com humildade. Uma inteligência arrogante e egoísta não deixa de ser uma burrice.

Essência

Escondido lá no fundo,

Está o segredo.

Aquele mistério profundo,

Que me dá medo.

Todos nós temos aquele algo,

Que mantemos em sigilo,

Aquele quê de por que,

A incerteza sem fim

Todos nós desconhecemos,

Certas coisas sobre nós mesmos,

Que ficam muito bem escondidas,

Nas arestas da alma,

Nossos limites?

Não sabemos.

Estamos sempre a nos surpreender.

E é assim que se constata

Que a essência da vida,

É a dúvida.

Por: Érica Pierre Costa

Por isso que sei que posso ser tudo ou nada do que penso ser, posso ser isso e mais um pouco, posso ser nada menos tudo... Mas sei que sou alguma coisa, que está em constante mudança, em constante busca de saber o máximo possível sobre esse ser que sou atualmente, que a cada segundo ganha ou perde um novo pedaço. Isso me lembra de falar de espaço, apesar de viver em uma mesma cidade, urbana, moderna e tudo mais, porém pequena e afastada de tudo, minha vida toda, e apesar de amá-la extremamente, sei que à aqui eu não pertenço, pertenço ao mundo, à todas as cidades de todos os paises que abrigam todas as culturas das mais diferentes possíveis. Esse sim é meu lar, meu lugar, no meu coração está escrito assim: Meu endereço? TODOS! E um dia poderei finalmente conhecer toda minha casa.