terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Ressuscitando



Resolvi voltar a escrever nesse blog. Tanto tempo se passou desde meu último post, tanta coisa aconteceu, que não creio que valha a pena uma atualização completa. Direi apenas o que mais importa. Trabalhei durante o ano passado quase todo, juntei dinheiro, tirei a carteira de motorista e me mudei de cidade. Já faz três semanas que cheguei a São Paulo. Faz apenas três semanas que cheguei a São Paulo. Pode ser muito tempo, pode ser pouco. Andei tanto, mas também não andei quase nada. Três semanas foram o suficiente para perder-me por alguém; não foram suficientes porém, para me encontrar nessa cidade vasta. Essa cidade com braços de ferro e aço, plena de espaço; que sufoca. Essa cidade que liberta e prende, cidade de antônimos, de autônomos, cidade dos sinônimos. São Paulo das mil possibilidades, das novidades, das oportunidades. São Paulo que oprime em sua imensidão. Que liberta em seu aperto.
Aqui eu voltei a escrever, incentivada talvez por me sentir livre e solta e pela sensação de novidade, talvez ter sentido algo que nunca senti antes e ter descoberto e redescoberto o romance. Sei que independente do motivo não só voltei a escrever, como voltei a escrever poemas. A poesia voltou para mim, portanto achei apenas justo que eu voltasse para esse blog.


Voz Que Não Ouvi


(Sentir saudade de algo que nunca aconteceu é como perder um filho que não conseguiu nascer. Não é sempre que é preciso ver algo para saber o quão especial teria sido se tivesse tido oportunidade de se mostrar)

Sonho um sonho tão distante
Sonho sem desviar o olhar sequer um instante
Daquilo que não pude ver
Do que se esconde no horizonte

Ah aquele toque, aquele olhar
Aquela voz que nunca ouvi
A sussurrar
Aquela voz que sabe o que me diz

Sinto braços que me envolvem
Braços invisíveis
Tateiam o escuro
A me procurar

Aqueles braços, abraços,
O toque, o sorriso, a voz
Feitos de névoa se dissipam

Porém feitos de névoa conseguiram
Que eu não queira me soltar
Mas abandonam sem antes mesmo me encontrar.

Érica Pierre Costa

Tirei poucas fotos até agora, mas as que eu coloquei no post são da exposição do Oswald de Andrade no museu da lingua portuguesa.

2 comentários:

  1. 4a tentativa de publicar um comentário. Agora como anônimo.

    Minha filha,

    Lembre-se: quem tem um dom tem uma dívida com a humanidade. Desenvolva-o e use-o.

    Beijos.
    Dad.

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  2. A poesia voltou pra ti, já não é suficiente?
    Talvez você deva estar onde é capaz de florecer e de encontrar sua turma. E talvez um dia você até (re)descubra uma cidade menor se enjoar daqui. Mas se Sampa te inspira nesse momento, isso é ótimo, porque aqui também tem espaço prá nostalgia.

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