quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Internet imprevisível, gerações e frustração


Acho engraçado perceber como a internet é, como li em um texto da minha aula de antropologia, bastante imprevisível. Um clique em um link leva a outro assunto que leva a outro completamente diferente que te faz ver algo interessante e assim por diante. Esses dias estava olhando meu Facebook e vi um vídeo com o trailer de um filme muito interessante estrelando a cantora Clarice Falcão. Alguns dias antes já havia visto essa mesma cantora em um canal que sempre assinto no Youtube chamado Rolê Gourmet e tinha simpatizado com a moça, o que me fez ter interesse em clicar para ver o trailer e depois me fez procurar  suas músicas (não conhecia nada dela). Esse vídeo, que coloco a seguir junto com o video do Rolê Gourmet, me fez pensar muito sobre a nossa geração; qual seria um denominador comum entre ela e outras gerações passadas e quais são as características especificas da nossa.


            

Frustração deveria ser a palavra do século. Creio que quando estavam escrevendo a história pararam nos anos noventa e pensaram assim: “Ah, acho que seria interessante se o próximo século, não, o próximo milênio fosse comandado por gerações de jovens frustrados... Sim! Essa leva de gerações começará agora! Brilhante!” Ok, eu sei que estou exagerando. Estou ciente de que a minha geração não é a primeira a se sentir assim; sei que a frustração é na verdade uma grande parte do processo de se tornar adulto. Mas cada geração de frustrados teve sua peculiaridade. Também sei que, por maior que seja nossa capacidade de ter empatia, sempre seremos mais afetados pelos nossos próprios problemas, claro; quisera eu ser daltônica ao olhar para o vizinho.
Do meu ponto de vista, os meus antepassados frustrados e jovens pareciam ter ao menos uma união maior, um espírito de contracultura que os juntava de uma forma mais bela. Mesmo os hippies, sob o meu olhar nada imparcial, pareciam ser uma “bagunça estruturada”, um despropósito com mais objetivo do que vejo hoje. Sei que esse meu pensamento pode ser apenas uma ilusão histórica, uma idealização do passado, mas saber disso não ameniza minha frustração. Estranhamente me sinto tão parte e tão aparte da minha geração.  Essa alienação, palavra de ordem nesse momento em que a facilidade de adquirir informação e a de ignorá-la é proporcionalmente igual, tanto me enoja quanto me seduz. Aprendi desde cedo que quem não tem dinheiro não é gente, quem não vê novela é prepotente, quem não bebe cerveja é chato e quem não compra tecnologia de ponta (e de marca) é reacionário. Simultaneamente aprendi a respeitar as diferenças, a reciclar, a ser feliz, a não ter medo de ser triste, a ir ao terapeuta, a resolver meus problemas sozinha.
Creio que parte dessa frustração da juventude atual vem dos opostos tão mesclados em que fomos criados, ao menos a minha é. Devo ser a certinha e a errada, a perfeita e a delinquente, devo seguir meus sonhos e buscar estabilidade, ser supermãe e me focar no trabalho, me conformar e lutar. Apenas isso, nada a mais, nada a menos. Somos a geração da indecisão, da contradição, somos a geração inexata em que devemos se tudo e nada. O resultado disso? Como diz o nome de um filme brasileiro recente cujo trailer muito me interessou: “Eu não faço idéia do que eu tô fazendo com a minha vida.”
Para finalizar deixo um video com uma música da Clarice Falcão que gostei muito:



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