sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Queda Livre

Passei 18 dias seguidos acumulando uma raiva de você. A cada dia ela crescia de forma progressiva e eu nem mesmo a compreendia por completo. Estranho perceber que no segundo em que fico sabendo que você está mal, essa raiva desaparece como se eu nunca a houvesse sentido. My heart melts like a snow flake in the desert and immediately goes to you. E ainda assim me sinto uma intrusa na sua vida, como se nunca tivesse tido lugar nela.
Brutal e vagarosamente fui acreditando que foi tudo mentira. Costurei suas palavras umas nas outras e me peguei incrédula, perguntando "mas então tudo aquilo que passamos juntos foi mera ilusão? As lágrimas emocionadas de felicidade em meio a discursos apaixonados, as conotações positivas para Sound of Silence entoada à noite por duas vozes em sintonia, o yakissoba engolido sem medo e sem ao menos perceber logo no primeiro dia juntos (apesar da minha vergonha em comer alimentos que lambuzam logo que conheço a pessoa, como se não fosse a primeira vez que nos víssemos), a intimidade instantânea, os olhares bobos de admiração lançados por ambos em momentos diferentes... Tudo isso aconteceu mesmo?" Como você pôde me dizer que sempre soube que daria errado e que se forçou a continuar depois de tudo isso que passamos? São dois pedaços de pano que não querem se encaixar na costura. Essas foram as palavras que mais me magoaram e me fizeram pensar que fui uma iludida. Não consigo mais confiar em mim mesma para saber o que é verdade e o que é mentira. Mas o poder que essas lembranças têm em mim ainda me fazem voltar a acreditar, por alguns minutos ocasionalmente, até que me lembro de tudo o que aconteceu depois, tudo o que me tirou desses momentos felizes, e choro novamente, por vezes em silêncio, por vezes a emitir os sons que caracterizam a angústia da perda, como se tivesse te perdido mais uma vez. Da mesma forma que acontece quando acordamos de um sonho bom e demoramos alguns segundos para perceber que tudo aquilo se deu apenas dentro da nossa mente. E nesse processo eu te perco de novo todos os dias, como se fosse a primeira vez. A cada dia menos lágrimas escorrem antes que eu me volte para os meus afazeres cotidianos, enquanto me indago: quanto tempo falta até a solitária e derradeira lágrima?

Um comentário:

  1. Temos sempre que derramar todas as lágrimas por uma "relação" pra podermos nos renovar igual flores. Quem sabe não tem uma pessoa mais especial ainda a sua espera.Quem sabe o que a vida nos reserva? Coisas boas sempre acontecem.

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