terça-feira, 9 de junho de 2009

What's Next?

Cantiga de Acordar – Chico Buarque e Edu Lobo

“Última ilusão
Amanhece já
Vai-se abrir o chão
Quiçá
A ilusão se esvai
É uma cena só
E a cortina cai
Sem dó
Vai cessar o som
A sessão já foi
Despertar é bom
Mas dói”


Sinto-me um tanto quanto entorpecida, apesar de ter acabado de tomar uma bela xícara de café forte e bem adocicado, do jeito que gosto, enquanto ouço músicas de Chico Buarque, deixando meu pensamento correr solto. Fui buscar meu histórico e certificado escolar hoje. Sim, eu sei que demorei para fazer isso. Os últimos meses, percebo agora, serviram como um momento de transição entre o fim do ensino médio e o começo da minha vida de fato. A verdade é que os derradeiros três anos da minha vida foram bastante turbulentos, principalmente 2007. Não vou entrar em detalhes nem descrever os vários porquês desses tempos de tormenta. Decidi lhes contar unicamente que foram momentos de discórdia em minha família, de dificuldades escolares, de problemas tanto com a minha própria saúde quanto com a de meus parentes. Deparei-me com várias situações difíceis e inéditas em minha vida. Por muitas vezes me desesperei e fiz com pessoas à minha volta se desesperassem também, derramei lágrimas equivalentes a toda uma vida.
Se eu for analisar em uma linha do tempo, 2006 foi só uma pequena amostra do que 2007 me reservava, no entanto nem de longe chegou a me preparar o suficiente, pois o ano que se seguiu trouxe consigo muitos acontecimentos que me pegaram de surpresa. Por sua vez, 2008 foi o ano pós-tempestade e pré-calmaria com algumas poucas recaídas de problemas familiares, durante o qual pude pensar no que eu faria com o meu futuro; tomei várias decisões, das quais algumas foram descartadas depois de um curto período de tempo. Mudei muitas vezes de opinião sobre o que faria no ano seguinte e sobre qual carreira eu iria seguir; a que eu queria já há muito tempo era como diretora de cinema, só que por causa de alguns “poréns” pensei que teria de escolher outra coisa. Em 2009 acabei voltando para a antiga e principal idéia e criei um plano nada ortodoxo para atingir meus objetivos. Passeis alguns meses em um curso pré-vestibular somente para não desencadear mais brigas com os que moram comigo, mas recentemente minha mãe finalmente percebeu que passar no vestibular da UnB não é o que eu quero agora e resolveu me apoiar.
Buscar meu histórico e certificado foi um dos diversos passos que tenho de tomar para seguir com a minha idéia mirabolante. O Objetivo, colégio no qual me formei, abrigou-me por apenas um ano. É um tempo muito curto para se conhecer alguém, ainda mais no meu caso; que após tantas confusões, estava tentando restabelecer quem eu sou e para onde vou. Foi extremamente estranho caminhar por aquela escola. Eu diria que foi minha formatura e colação de grau particular, já que não fui a nenhum desses eventos da minha turma no ano passado. Voltar ali, entrar na minha antiga sala e assinar meu certificado na mesa do professor foi um ritual pessoal de libertação, de conclusão de uma etapa, para mim muito mais significativo do que vestir uma roupa preta e larga, pegar um canudo de um professor que não sabe nada sobre mim e ir a uma festa cheia de pessoas que mal me conhecem. Espero que não esteja errada ao dizer isso, mas sinto que agora estou por fim pronta para seguir o caminho que eu escolhi.

Por: Érica Pierre Costa

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